Jejum e Exercício: Estratégia Inteligente ou Ilusão para Emagrecer?
- Melissa Vieira
- 10 de fev.
- 4 min de leitura
Nos últimos anos, o jejum intermitente virou febre entre quem busca emagrecimento e performance. A ideia de que pular refeições pode acelerar a queima de gordura e melhorar a saúde tem ganhado força — mas será que essa estratégia funciona para todo mundo?
Mais do que seguir tendências, entender os impactos do jejum no corpo, especialmente quando aliado ao exercício, é essencial para evitar armadilhas e buscar resultados sustentáveis. Vamos explorar as bases científicas e históricas por trás do jejum e por que muitas pessoas insistem nessa prática como solução para o emagrecimento.

1. O Jejum Acompanhou a Evolução Humana
Por milhares de anos, nossos ancestrais caçadores-coletores não tinham a abundância de alimentos que temos hoje. Comer a cada três horas? Impensável. O corpo humano evoluiu para lidar com períodos sem comida, mobilizando reservas energéticas para garantir a sobrevivência.
Nesse contexto, a adaptação ao jejum fazia sentido. O metabolismo aprendeu a utilizar a gordura armazenada como fonte de energia quando os carboidratos estavam escassos. Esse mecanismo ainda existe hoje, e é o que leva muitas pessoas a acreditarem que o jejum intermitente é uma estratégia infalível para emagrecer.
Mas há um problema: nossa realidade atual é completamente diferente da de um caçador-coletor.
Hoje, a maioria das pessoas não enfrenta escassez alimentar. Em vez disso, lidamos com acesso cada vez mais facilitado ao alimento e rotinas sedentárias. A grande questão não é se podemos jejuar, mas se o jejum, da forma como é popularizado, realmente faz sentido para o emagrecimento e a prática de exercícios.
2. Jejum e Exercício: O Casamento Perigoso?
É comum ver pessoas associando jejum e treino como estratégia para acelerar a queima de gordura. A lógica parece simples: sem comida no sistema, o corpo queimaria mais gordura para produzir energia. Mas a realidade não é tão direta.
Aqui estão alguns pontos baseados na ciência:
✅ Jejum pode favorecer a oxidação de gordura no curto prazo, pois reduz os estoques de glicogênio e força o corpo a recorrer a outras fontes de energia.
❌ Mas isso não significa que haverá mais emagrecimento. Emagrecer envolve um balanço energético negativo ao longo do tempo. Se, ao jejuar, você consome mais calorias depois para compensar, o déficit desaparece.
❌ Pode haver perda de massa muscular. Exercitar-se em jejum pode aumentar a degradação de proteínas musculares, especialmente em atividades de alta intensidade. Isso pode comprometer a performance e dificultar o ganho de força e resistência.
❌ O desempenho pode cair. Estudos indicam que treinar sem comer pode afetar a intensidade do treino, levando a um menor gasto calórico total.
Em resumo? Para algumas pessoas, o jejum pode funcionar como estratégia pontual, mas associá-lo automaticamente ao emagrecimento ou ao aumento da performance é um erro.

3.Malefícios e Contraindicações: O Que Você Precisa Saber Sobre o Jejum
Diversos estudos científicos indicam que o jejum pode ser contraindicado em certas situações. Evidências demonstram que o jejum intermitente pode aumentar o risco de hipoglicemia em indivíduos com diabetes tipo 1, comprometendo a regulação glicêmica (Horne et al., 2015). Além disso, pessoas com histórico de distúrbios alimentares podem experimentar a exacerbação de comportamentos prejudiciais, como a compulsão alimentar, ao adotarem práticas de jejum (Trepanowski & Bloomer, 2010).
O jejum pode impactar negativamente a saúde mental, aumentando níveis de ansiedade e estresse relacionados à alimentação (Buchinger & Meier, 2016). Para crianças e adolescentes, o jejum é desaconselhado devido às suas necessidades nutricionais específicas para o crescimento e desenvolvimento adequados (García et al., 2020). Em resumo, é essencial que o jejum seja considerado com cautela e sempre sob supervisão profissional, especialmente para aqueles que possuem condições de saúde preexistentes.
4. O Que Realmente Importa?
Se o seu foco é resultado sustentável, a chave não está em ficar horas sem comer, mas sim em construir um plano que faça sentido para o seu corpo e rotina.
Isso significa:
✔ Treinar com energia suficiente para manter a intensidade.
✔ Priorizar uma alimentação equilibrada ao longo do dia.
✔ Ajustar o consumo calórico e proteico conforme o objetivo.
✔ Ter consistência nos treinos e na alimentação, sem depender de estratégias extremas.
O jejum pode ser contraindicado em várias circunstâncias, e sua adoção não deve ser à revelia, considerando as possíveis consequências para a saúde.
Na dúvida, a ciência sempre nos lembra que o básico bem feito sempre vence as tendências passageiras.
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Fontes e Leituras Recomendadas 1. Varady, K. A., & Hellerstein, M. K. (2007). Alternate-day fasting and chronic disease prevention: A review of human and animal trials. The American Journal of Clinical Nutrition, 86(1), 7-13. https://doi.org/10.1093/ajcn/86.1.7
2. Kahleova, H., & Barnard, N. D. (2014). Impact of intermittent fasting on cardiometabolic health: Review of human and animal studies. Nutrients, 6(10), 4786-4801. https://doi.org/10.3390/nu6104786
3. Antoni, R., Johnston, K. L., Collins, A. L., & Robertson, M. D. (2017). Intermittent fasting, energy balance and associated health outcomes in adults: A systematic review and meta-analysis. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 117(6), 738-758. https://doi.org/10.1016/j.jand.2017.01.008
4. Peterson, C. M., Beyl, R. A., Hoffman, L., et al. (2018). Early time-restricted feeding improves insulin sensitivity, blood pressure, and oxidative stress even without weight loss in men with prediabetes. Cell Metabolism, 27(6), 1212-1221. https://doi.org/10.1016/j.cmet.2018.04.010
5. De Cabo, R., & Mattson, M. P. (2019). Effects of intermittent fasting on health, aging, and disease. New England Journal of Medicine, 381(26), 2541-2551. https://doi.org/10.1056/NEJMra1905136
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